sexta-feira, 8 de março de 2013

Controle da TPM (Síndrome da Tensão Pré-Menstrual)

SAÚDE
Hoje em especial, minhas postagens serão em homenagem a MULHER! Meu desejo é que todas tenham um
FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER! 

..... Para manter uma boa saúde, a mulher tem que tomar uma série de cuidados e atitudes preventivas. Cada mulher tem uma história e uma bagagem hereditária que devem ser analisadas cuidadosamente com a supervisão de um médico, para garantir uma vida saudável e sem surpresas.
.....Quero dizer, porém, que nenhuma informação nesse blog dispensa a confirmação, orientação e o tratamento de um médico especialista. Ainda que o artigo encontrado pareça perfeito para você, não adote nenhum tratamento sem consultar seu médico. Cada pessoa tem sua história e suas características. Só seu médico pode dizer quanto eles podem reagir com qualquer medida que você adotar. Resolvi postar essa matéria que com certeza muitas mulheres passam por essa faze todos os meses... Confira!



 
 Mara Diegoli é médica, trabalha no Departamento de Ginecologia do Hospital das Clínicas e é coordenadora do Centro de Apoio à Mulher com Tensão Pré-Menstrual do Hospital das Clínicas da Universidade São Paulo.
Tensão pré-menstrual, ou TPM, é um tema que interessa não só às mulheres, mas aos homens, especialmente. Ela se caracteriza por um conjunto de sintomas e sinais que se manifesta um pouco antes da menstruação e desaparece com ela. Se eles persistirem, não se trata da síndrome de TPM, que está diretamente relacionada com a produção dos hormônios femininos.
Do ponto de vista dos hormônios sexuais, os homens são muito mais simples do que as mulheres. Eles fabricam testosterona cuja produção começa a cair inexorável e lentamente a partir dos 20, 30 anos de idade. As transformações que essa queda provoca no humor masculino são, de certa forma, previsíveis e é por isso que as mulheres dizem que os homens são todos iguais.
Com elas, é diferente. A concentração dos hormônios sexuais varia no decorrer do ciclo menstrual. Assim que termina a menstruação, tem início a produção de estrógeno, que atinge seu pico ao redor do 14º dia do ciclo, quando começa a cair e a aumentar a produção de progesterona. O nível desses dois hormônios, porém, praticamente chega a zero durante a menstruação.
Portanto, em cada dia do mês, a mulher tem uma concentração de hormônios sexuais diferente da do dia anterior e diferente da do dia seguinte. O impacto que isso provoca no humor feminino também oscila de um dia para o outro. Por isso, os homens dizem que as mulheres são difíceis de entender.

CONFIRA ESSA ENTREVISTA DO DR. DRAUZIO VARELLA
 
DEFINIÇÃO E PRINCIPAIS SINTOMAS
Drauzio – O que é tensão pré-menstrual e quais seus principais sintomas?
Mara Diegoli – Tensão pré-menstrual, ou TPM, é o nome que se dá a uma série de sintomas que se manifestam antes da menstruação. Mas, é preciso estarmos atentos: eles têm de sumir com a menstruação. Caso não desapareçam, não se trata de tensão pré-menstrual.
Os sintomas são variados: irritabilidade, depressão, dor nas mamas e agressividade, que pode e deve ser controlada. Dor de cabeça é outra queixa frequente. A mulher também chora fácil sem saber exatamente por quê e pode explodir sem motivo.
Drauzio – Isso quer dizer que se os sintomas se mantiverem depois da menstruação não podem ser atribuídos à tensão pré-menstrual?
Mara Diegoli – Essa é uma observação muito importante, porque qualquer doença psiquiátrica (a depressão, por exemplo) ou clínica, como a dor de cabeça crônica, podem piorar nesse período. Por isso, não adianta classificar tudo como tensão pré-menstrual, uma vez que seus sintomas aparecem alguns dias antes, pioram na véspera da menstruação e desaparecem com ela.
Drauzio – Quantos dias antes, mais ou menos, eles se manifestam?
Mara Diegoli – É variável. Há pessoas em que aparecem 15 dias antes e outras que só se alteram um ou dois dias antes da menstruação. Neste caso, a mulher está tranquila; de repente, é acometida por dor de cabeça e, no dia seguinte, menstrua. Ou, então, no dia que antecedeu a menstruação, estava no trabalho e aparentemente sem motivo começou a brigar com todos os colegas.

PRINCIPAL CAUSA DA MUDANÇA DE HUMOR
Drauzio – Em termos gerais, qual a explicação para essa mudança de humor?
Mara Diegoli – A principal causa está associada à produção de serotonina, uma substância produzida pelas células nervosas e que, na mulher, oscila de acordo com o período do ciclo menstrual. A serotonina atua sobre o humor das pessoas. Quando seu nível no organismo está alto, ficamos alegres, felizes, bem-humorados. Quando ele cai, ficamos mal-humorados e queremos comer doces para compensar.
Sabe-se que no período pré-menstrual há uma queda nos níveis da serotonina. Sabe-se também que, diferentemente dos hormônios do homem, os hormônios femininos interferem com a produção da serotonina. Isso explicaria os sintomas psíquicos, enquanto os físicos resultam principalmente da própria alteração hormonal.
É claro que não são todas as mulheres que sofrem de tensão pré-menstrual. Algumas são mais sensíveis; em outras, a TPM se manifesta apenas em determinada época da vida.

UM POUCO DE HISTÓRIA
Drauzio – Quais foram os piores casos que você encontrou na clínica?
Mara Diegoli – Vamos contar um pouco de história. Em 1953, Katrine Dalton, uma doutora famosa na Inglaterra, começou a perceber que ficava diferente no período em que menstruava e decidiu investigar por que isso acontecia. Seu trabalho de campo foi realizado em prisões e hospitais. Nas prisões, constatou que um número maior de homicídios ocorria em determinadas fases do ciclo menstrual e, nos hospitais, que aumentava o número de acidentes com os filhos e com as mães, que ficavam mais distraídas nessas fases. Ela exagerou totalmente, porém, quando concluiu que a mulher era dominada por seus hormônios no período pré-menstrual.
Dra. Katrine não percebeu que estava incluindo, no universo analisado, todas as doenças psiquiátricas que, sem dúvida, pioram nesse período.
À paciente que diz – “Coloquei fogo no colchão porque tenho TPM.” – nós explicamos que isso não é TPM. A mulher com TPM tem consciência do que faz e precisa aprender a controlar-se. Se não o fizer, é ela quem sairá perdendo. Na verdade, só conseguimos atingir o autocontrole e um bom desempenho, quando se sabe exatamente o que está acontecendo conosco.
Por isso, no Hospital das Clínicas, a primeira conduta é identificar os casos de TPM e separá-los das outras síndromes psiquiátricas ou clínicas. A mulher precisa saber que TPM existe e que estamos ali para ensiná-la a lidar com o problema. Mulheres sempre tiveram esse distúrbio. Hoje, porém, com sua inclusão no mercado do trabalho, elas estão sobrecarregadas. Correm para levar os filhos à escola, correm no trabalho e, na volta, têm de dar conta dos serviços da casa e dos cuidados com a família. Por isso, atualmente, os sintomas da TPM são mais intensos, mas não justificam em absoluto atitudes malcriadas, agressividade, brigas, nem perder a paciência e bater nas crianças.

FATORES PREDISPONENTES
Drauzio – Existe uma diferença no comportamento fisiológico da tensão pré-menstrual. Há mulheres em que a TPM praticamente inexiste e aquelas que sofrem muito nessa fase.
Mara Diegoli - Eu destacaria três fatores para explicar a TPM. O primeiro é o hereditário. Pessoas cujas mães apresentaram TPM têm maior probabilidade de desenvolver a síndrome.
O segundo é o fator externo. A mulher pode não ter TPM se estiver atravessando uma fase boa da vida e a serotonina sendo produzida em quantidade adequada, mas pode apresentar se estiver passando por situações difíceis, como doença na família, dificuldades econômicas, divórcio, pressão no trabalho. Nesses casos, o nível da serotonina, que já deve estar baixo, cairá mais ainda na segunda fase do ciclo menstrual, quando for produzido o hormônio que o derruba mais ainda.
O terceiro é o fator endógeno. Há mulheres mais sensíveis a mudanças hormonais e as menos sensíveis. Estas podem não ter TPM ou tê-la de uma forma mais gostosa. Por exemplo, conheci uma mulher que pintava a casa nesse período, o que era uma forma agradável de dissipar a ansiedade e tensão que sentia.

INFLUÊNCIA DA FAIXA ETÁRIA
Drauzio – Como flutua a TPM em função da faixa etária. Ela é mais comum nos jovens ou entre as pessoas mais velhas?
Mara Diegoli – Depende do sintoma. Um trabalho que realizamos no HC, em que foram entrevistadas 2.000 mulheres, evidenciou que a TPM é mais frequente após os 30-40 anos de idade, dado corroborado pela literatura médica sobre o assunto. Antes dessa idade, elas nem percebem que vão menstruar. A adolescente chega à escola e de repente sangra e tem cólica, o sintoma mais comum nessa faixa etária. No entanto, aos 30-40 anos, ocorrem com mais frequência os sintomas psíquicos. Elas se sentem mais cansadas e irritadas um ou dois dias antes de menstruar.
Portanto, em adolescentes os principais sintomas são físicos: dor de cabeça e cólica. Deve-se tomar cuidado para não confundir a TPM com possíveis alterações psíquicas características da crise da adolescência, uma fase de transformação tanto do humor quanto do comportamento, uma vez que essas alterações podem agravar-se no período pré-menstrual.

FAZENDO O DIAGNÓSTICO
 Drauzio – Quando você recebe uma mulher com queixas de tensão pré-menstrual, como faz para ter certeza de que se trata mesmo desse problema?
Mara Diegoli – A mulher pode e deve fazer o diagnóstico em casa. Para tanto, basta anotar num calendário os dias em que está triste, irritada, com dor de cabeça, chorando fácil e o dia em que menstruou. Se os sintomas começarem um pouco antes e desaparecerem durante a menstruação – não precisa ser no primeiro dia – ela tem TPM.
Drauzio – Obrigatoriamente, os sintomas têm de desaparecer durante a menstruação?
Mara Diegoli – Eles têm de cessar até o fim da menstruação. Caso se prolonguem, não é TPM.  Por isso, para estabelecer um diagnóstico preciso, é importante a mulher observar o que sentiu durante o mês inteiro. Se ficou com dor de cabeça, irritada, deprimida, sem querer sair de casa, chorando à toa, é bom verificar se está perto da menstruação. Assim, também fica mais fácil aprender a controlar-se. Enquanto faz o gráfico e anota os sintomas, ela pode constatar que está entrando na fase da TPM – “Puxa, por isso gritei com meu filho e ia brigar com ele” – e começar a acionar alguns mecanismos para combater os sintomas dessa síndrome.

MECANISMOS PARA COMBATER OS SINTOMAS
Drauzio – Quais são esses mecanismos?
Mara Diegoli – O mais importante de todos é o autoconhecimento. Ninguém pode trabalhar com uma coisa que não conhece, nem ter bom desempenho profissional, social ou familiar. Os hormônios mudam nosso humor? Mudam. Vamos, então, trabalhar com eles. A mulher já venceu tantos obstáculos que conseguirá vencer mais esse facilmente, desde que queira.
Ela sabe que a mudança dos hormônios vai alterar o seu humor, está anotando no calendário e já percebeu que anda mais irritada. Vamos supor que esteja marcada uma reunião com o chefe. Se for à reunião e despejar tudo o que tem vontade e acha que ele deve ouvir, com certeza vai perder o emprego, o que é justo porque não se pode falar tudo aquilo que se pensa. Peneirar o que se diz ajuda a tornar o mundo melhor.
Terminar o namoro pode ser uma idéia mais antiga, mas é conveniente que espere a TPM passar. Nesse caso, há até algumas dicas para os namorados. Evitem estar junto, discutir assuntos sérios ou tomar decisões definitivas nesses dias. Se a esposa está na fase de TPM e começou a ficar brava, o marido pode pegar os filhos para passear a fim de não entrar em atrito com ela, afastando assim a possibilidade de agressões mútuas que não têm cura. A TPM pode passar, mas o que foi dito ou feito jamais será esquecido.
Por isso, é fundamental que a mulher aprenda a controlar-se. Se estiver diante de uma situação difícil, procure adiar a solução para depois que menstruar, quando seu comportamento será diferente. Numa reunião de trabalho, é mais profissional dizer ao chefe que vai analisar um assunto polêmico e depois mandar um relatório por escrito do que ter um destempero e perder o emprego.
Exercícios físicos ajudam muito, porque reduzem a tensão, a depressão e melhoram a autoestima. Está brava, vai dar uma volta no quarteirão, fazer ginástica ou arrumar um armário, que se sentirá melhor.
Drauzio – Existe algum tipo de exercício físico mais adequado?
Mara Diegoli – O que mais se recomenda é o exercício aeróbico, mas nem todas podem fazê-lo. Pular, jogar tênis seria o ideal. No entanto, andar a pé ou de bicicleta em volta do quarteirão, arrumar o jardim ou dançar também resolve. O importante é descarregar a tensão e a ansiedade.
No que se refere à alimentação, existem inúmeras dietas para a TPM, mas basta usar o bom senso. Se a mulher fica inchada, deve comer menos sal; se tem dor de cabeça, que evite fumar e se está ansiosa, não coma nem beba coisas que possam agravar o quadro.
Drauzio – Que tipo de alimentos deixa a mulher mais ansiosa?
Mara Diegoli – Sem dúvida alguma, o café deixa as pessoas mais ansiosas. Portanto, é fundamental diminuir o número de cafezinhos ingeridos nessa fase. O cigarro aumenta a insônia, um dos sintomas típicos da TPM, e a dor de cabeça. Não fumar ajuda a dormir melhor e, dormindo melhor, a ansiedade diminui. Alimentos que aumentem a diurese, por exemplo, chuchu, morango, melancia, salsa e agrião, ajudam desde que a mulher esteja empenhada na própria melhora.
Drauzio – E o açúcar que papel desempenha nessa fase?
Mara Diegoli – Quando cai a serotonina, a mulher sente compulsão por doces. Não há mulher que desconheça o desejo de comer doces nos dias que antecedem a menstruação. O açúcar libera endorfina, substância que transmite sensação de bem-estar, mas que facilita a retenção de água no organismo. Doces engordam e, ao perceber que a menstruação passou e ela não perdeu peso, a tendência é ficar deprimida. Deve-se, então, substituir o doce por um alimento adocicado que não contenha açúcar.

ALTERAÇÕES DA SEXUALIDADE
Drauzio – De que forma a TPM interfere no comportamento sexual feminino?
Mara Diegoli – Na minha tese de doutorado, entre outras coisas, procurei estudar quais as alterações da libido feminina que ocorrem com maior frequência e cheguei à conclusão de que 70% das mulheres estão menos dispostas para a relação sexual na segunda fase do ciclo, isto é, nos 14 dias que antecedem a menstruação. Assim que menstruam, a libido aumenta. É claro que em 30% dos casos acontece exatamente o inverso.
Por isso, aqui fica um conselho para os maridos. Se, embora mais sensível e dolorida, ele se aproxima com carinho e ela corresponde, ótimo! Isso vai melhorar o relacionamento e diminuir a tensão. Se ela, porém, não estiver disposta, não force a barra. A menstruação passa e ela volta a sentir desejo.
Drauzio – Essa fase de aumento da libido coincide mais ou menos com a de aumento da produção de estrógeno. Você poderia falar sobre a produção dos hormônios sexuais femininos durante o ciclo menstrual?
Mara Diegoli – A produção dos hormônios femininos oscila ao longo do mês. Durante a menstruação, ela não tem nem estrogênio nem progesterona. O estrogênio é o hormônio da feminilidade, que deixa a pele mais bonita, a mulher mais alegre, faz desenvolver as mamas, arredonda o quadril e torna a voz mais suave. A partir da menstruação, o nível de estrogênio começa a crescer e atinge o máximo por volta do 14º ou 15º dia, fase em que ocorrem a ovulação e o aumento da libido. A mulher fica mais fogosa, mais alegre e é preciso tomar cuidado se não quiser engravidar.
Depois, o nível de estrogênio vai caindo e a mulher começa a produzir progesterona. Segundo o próprio nome diz – pró-gestare -, trata-se do hormônio da gestação, que prepara a mulher para a gravidez. Se por um lado a deixa mais tranquila, por outro favorece a retenção de líquidos, o aumento de pelos e diminui a imunidade. Em contrapartida, interrompendo a ação do estrogênio, a progesterona impede, por exemplo, o desenvolvimento de câncer de útero. Ela chega para trazer controle e estabilidade, mas provoca alguns sintomas colaterais: inchaço, depressão, aumento de pelos. A segunda fase do ciclo é um período caracterizado por mais inércia e tranquilidade. As mulheres ficam um pouco deprimidas e mal-humoradas, mais quietas e com menos libido.
De repente, os dois hormônios caem por volta do 26º, 28º dia e desaparece o equilíbrio. A queda gradativa do estrogênio provoca os sintomas típicos da TPM. Quando ele volta a crescer, a mulher se sente melhor.

USO DE MEDICAMENTOS
Drauzio – Além dessas medidas gerais, exercícios físicos, redução do sal, controle da impulsividade, há algum remédio indicado para reduzir esses sintomas?
Mara Diegoli – As mulheres de hoje são felizes porque a ciência e a medicina evoluíram muito e há uma série de medicamentos que proporcionam melhor qualidade de vida para elas e para quem convive com elas, porque TPM sempre existiu e vai continuar existindo.
É importante ressaltar que sem tratamento a mulher não vai morrer nem matar ninguém, mas vale a pena resolver o problema tendo em vista a melhora da qualidade de vida.
Quando a TPM for leve, é suficiente tratar os sintomas. Se o problema é dor de cabeça e ela não consegue ler nem escrever naquele dia, prescrevem-se os remédios normais para combater a dor. Caso eles não façam efeito, tenta-se controlar o problema com medicamentos que devem ser tomados o mês inteiro.
Todos os tratamentos que indicamos no Hospital das Clínicas de São Paulo têm o objetivo direto de tratar determinado sintoma. Nunca generalizamos. Nunca é indicado o mesmo tratamento para todas as pacientes.
Se a mulher tentou o primeiro tratamento e não melhorou, se pôs em prática as medidas que indicamos e não melhorou, vamos passar para a segunda etapa com medicamentos mais fortes que vão agir sobre o humor ou sobre os hormônios. Os que mexem com o humor são a primeira opção para a TPM intensa. Embora os sintomas físicos costumem responder bem aos medicamentos, os psíquicos nem sempre o fazem.
Drauzio – Que tipos de medicamentos são esses?
Mara Diegoli - Antigamente quando a mulher falava – “Estou triste, deprimida e chorando por qualquer coisa” – era mandada para o psiquiatra, porque só eles sabiam indicar antidepressivos, medicamentos potentes e com muitos efeitos colaterais. Aí, surgiram no mercado os antidepressivos que só mexem com a serotonina e não provocam efeitos colaterais de sono, nem dopam a mulher, impedindo que ela trabalhe regularmente.
Na minha tese de doutorado, experimentei usar a dosagem mínima de um antidepressivo bastante conhecido, o Prosac. Enquanto o mundo inteiro indicava a dosagem de 20mg a 60mg, indicamos 10mg porque a mulher com depressão por causa da TPM está trabalhando e vivendo normalmente. O sucesso foi grande porque conseguimos provar que com essa dosagem menor é possível afastar os sintomas sem provocar efeitos adversos.
Por que cresceu a vontade de achar cura para a TPM? Porque antes a mulher ficava em casa e ninguém se importava se ela fazia ou não comida para a família. Se brigava com o marido, o problema era só dele. Entretanto, ela saiu de casa e ingressou no mercado de trabalho. Agora, o problema não é só do marido e dos filhos, é de todos. Imagine uma executiva não comparecer a uma reunião ou uma médica deixar de fazer uma cirurgia. O prejuízo é imponderável. Espera-se que a mulher trabalhe e produza. Assim, razões socioeconômicas associadas à força da mídia incentivaram o empenho da indústria farmacêutica e dos donos do dinheiro em resolver o problema. Por coincidência, ficou provado que alguns medicamentos (a fluoxetina)  criados para tratar de outras patologias, como por exemplo a depressão, melhoram a TPM. A dosagem é diferente, pois a doença é diferente. É o único? Não é. Existem outros.
Drauzio – A fluoxetina é indicada para as mulheres apenas durante a fase em que fica tensa ou durante o mês todo?
Mara Diegoli – Essa é a grande polêmica. No meu primeiro trabalho, usei a metade da dosagem e provei que isso trazia bons resultados. Surgiram, porém, outros trabalhos defendendo o uso durante 15 dias, o que ainda é contestável, embora seja economicamente vantajoso. No entanto, é preciso pensar que o medicamento leva no mínimo de uma semana a dez dias para começar a agir. Por isso é que defendo seu uso contínuo, mas há divergências na literatura a respeito do assunto.
No entanto, vamos deixar bem claro que o antidepressivo só deve ser empregado nos casos de sintomas da TPM muito intensos em que a alteração do humor prejudica a vida da mulher.
Drauzio – A indicação desses medicamentos deve ser feita por um médico. A mulher com TPM não pode se automedicar de jeito nenhum, não é?
Mara Diegoli– Não pode. Na verdade, esses medicamentos não são vendidos sem receita médica, o que ajuda a controlar seu uso, e só devem ser indicados depois de avaliação cuidadosa. Em muitos casos está provado que vale a pena usá-los.
Atualmente, estamos pesquisando se interromper o ciclo ou torná-lo estável, evitando a oscilação dos hormônios, tem efeitos positivos sobre a TPM.

RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES
Drauzio – Vamos resumir as recomendações para as mulheres em que a tensão pré-menstrual não é intensa.
Mara Diegoli – Primeira recomendação: aprenda a conhecer-se. Anote diariamente o que está sentindo e os dias da menstruação. Verifique se os sintomas aparecem alguns dias antes e desaparecem com ela;
Segunda recomendação: não use a TPM como desculpa . Ela não é desculpa para nada. Se a mulher tem TPM, precisa de tratamento, porque ninguém é obrigado a aguentar seu mau humor. Saber controlar-se é importantíssimo para quem quer crescer pessoal, social e profissionalmente;
Terceira recomendação: exercício físico adianta e merece ser feito;
Quarta recomendação: evite compromissos importantes nos dias de tensão, porque você pode tomar atitudes erradas. Tente adiá-los. No dia seguinte, provavelmente você estará melhor  Quinta recomendação: a mulher precisa aprender a conhecer-se e a viver consigo mesma. Assim ela melhora não só sua qualidade de vida como a de todas as pessoas envolvidas direta ou indiretamente com ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário